RESENHA – MÃE! – Masculinidade/Não-Lugar/Bourdieu e Violência Simbólica - I
O
filme Mãe! (2017), com direção e roteiro de Darren Aronofsky (Cisne Negro – 2010), é um longa de suspense
e drama e conta com a brilhante atuação de Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes),
sendo assistida pelo experiente Ed Harris (Westworld – 2016), contando ainda
com Javier Bardem (Onde os Fracos não têm Vez – 2007) e Michele Pfeiffer
(Scarface – 1983), que estará no aguardado Homem-Formiga e a Vespa da gloriosa
Marvel.
Enquanto eu assistia, fiquei
pensando na variedade de possibilidades que são apresentadas no filme e em como
minha cabeça de sociólogo não parava de mapear as estruturas, os conceitos e as
nuances que estava sendo desenhadas diante dos meus olhos.
Obviamente, estou tentando
refletir sem nenhum compromisso com uma análise técnica do filme, mas tentando
captar o código-fonte dele; Em outras palavras, o que este filme está nos
falando? Vou tentar, brevemente, falar de algumas dessas mensagens; pelo menos
as que pude captar. Lembrando que nesse post irei falar por cima, ainda com os nervos à flor da pele, visto que saí do cinema faz pouquíssimo tempo!
O filme fala sobre lugar e
um não-lugar. O que é pertencer? A impressão que tive diante do sofrimento da
protagonista foi a de que ela estava em um lugar que, materialmente, ela podia modificar,
pintar, montar, mas que, como ela aponta em uma de suas falas: “Essa casa é do
meu marido.” Essa fala me gerou muita aflição! Na verdade, para ela, aquele era
um não-lugar.
Apesar de ser um daqueles
filmes onde a realidade não está dada, o longa é permeado pelos vários tipos de
machismo; Ora um machismo benevolente e disfarçado pelo cavalheirismo e uma
superposição na qual a protagonista é posta: “Venha, minha deusa... venha...”,
ora por um machismo escroto praticado por quase todos os homens do filme. Eu
contei! Só um homem realmente age como alguém decente com ela.
Apesar de confessar seu amor
pela protagonista, o seu marido, interpretado por Javier Bardem, jogando como o
típico macho benevolente e alfa, responde absolutamente a todas as perguntas
acerca da vida do casal. A violência simbólica fica muito clara quando ele fala
acerca da possibilidade de eles terem filhos. ELE responde pelo casal e a
protagonista olha para ele atônita! Eu fiquei me perguntando se as pessoas que
estavam assistindo aquele filme estavam notando a violência que estava
acontecendo ali ou se a vida seguiria sem maiores mudanças. Não há como se
esconder, o filme é violento! Se Bourdieu estivesse do meu lado, ele diria: “Lembre-se
das estruturas estruturantes estruturadas.” Obviamente, eu choraria ao
lembrar que as coisas foram e estão tão sobrepostas nas psiques que a partir do momento
que as pessoas saíssem dali, tudo voltaria ao normal.
Eu diria que é um filme que provavelmente terá destaque no Oscar, sobretudo pela interpretação da Jennifer Lawrence. Eu gostaria de escrever sobre mais um monte de coisas que percebi, mas iria ficar um texto gigante. Enfim, deixo aqui só um gostinho do filme, já o recomendando! Pra quem gosta de cinema, a fotografia é linda, a arte conceitual e os screenshots são simplesmente lindos! O filme é uma obra de arte (do ponto de vista fílmico!) Estou torcendo para que todos consigam captar a mensagem!
Pra fechar, cito um dado
triste e que me machuca na alma: O filme tem UM NEGRO que tem fala e esse negro
é um estereótipo do malandro transador sinistrão com gingado. Triste.
Prometo escrever mais uma
parte falando do ponto de vista da Psicologia Social!
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