Crespo/Encaracolado/Teu!
Teu cabelo é teu. Não é meu, não é da sua família; É teu. Lembra quando o alisava? É que essa coisa de embranquecer teu corpo foi construída desde cedo e a gente ficou assim. Lembro dos meus tempos de alisar também. Os tempos estão mudando. Teu cabelo é uma enunciação. Teu cabelo é um ato. Uma ópera num tom agudo. Voraz. Teu cabelo é inteligente. Ele respeita tua luta. Teu crespo, teu encaracolado, estão em harmonia com teu corpo. Ainda mais quando pinta ele de roxo, de rosa, de tudo o que é bom. Mas o que é cabelo bom? O teu! Bom porque quando ele ficou assim, tua autoestima cresceu juntinho com ele. Teu cabelo é mar. Tem um cheiro tão bom. Dá vontade de pular nele e ficar ali, durante horas, só fazendo cafuné. Mas teu cabelo não é meu. É teu. Só toca quem tu quiser. Falando em toque, mexer no cabelo de alguém, só com permissão. Não precisa ser em palavras, mas tem ser com permissão. É um gesto de intimidade. Pensa num sentimento bom: Andar pela rua e ver tanta gente com seus cabelos naturais. São lutas, microprocessos de guerra. Teu cabelo é teu. Cuida que é teu. 
"Me gustas ver teu cabelo;
 Mar crespo imponente, despreocupado. 
Nasceu contigo e sempre quis florescer e desabrochar.
  Não me demoro em procurá-lo e ao encontrá-lo fico bobo de tanto olhar.
 Deixa livre, deixa solto; deixa viver, deixa respirar. 
Abençoe-nos com teu ato de resistência. 
Não desiste, naturalize, nem alise." 
A. 
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Eu mergulhei nesse cabelo, só de ler. Ainda tô com o cheirinho bom dele. Coisa linda! Parabéns, André!
ResponderExcluirMuito obrigado, Tamar! Senti um abraço muito gostoso escrevendo isso! Que todos possam sentir isso!
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